sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Prazer que dói pero eleva a alma.

Por Viveca Santana



Existem coisas pequenas que causam um prazer imenso. Existem as que são grandes, que de tão grandes sufocam a gente e não dá nem pra perceber como foram difíceis de conseguir ou a importância delas. E existem os prazeres amenos ou de poucas horas que levam lembranças pro resto da vida.





Nos dias 20 e 22/03 o Radiohead, que há tempos tenta vir para o Brasil fazer um show, vai estar em terras Tupiniquins cantando para alguns que não conhecem (e os amantes incansáveis) a sua fina obra: músicas depressivas ou a resumidas à baladinha "Fake plastic trees" (a tal trilha da propaganda do Carlinhos, rapazinho que eu pessoalmente nem me lembrava mais) para os ouvintes não-ouvintes.
Sim, prazer ilegível, para alguns.
Demorei anos para gostar realmente da banda, refinar o ouvido para as distorsões e amei muito mais quando comecei a conhecer as letras e a poesia sensível e triste de Thom Yorke (poesia que de tão verborrágica, se torna grotesca e depressiva para os humanos normais).
Uma amiga tentou me empurrar o cd Kid A (trilhas que não aconselho para quem não conhece bem a banda, tristes, estranhas, rápidas demais, para os tímpanos acostumados com a normalidade vil do dia-a-dia. A aversão pode vir tão rápido e o preconceito se assume na hora como um calafrio, na minha opinião sincera de cobaia).
Numa fase de tranqüilidade, Ok Computer veio de presente e não saiu da minha lista de audíveis-amáveis-passíveis de alienação. Fora a beleza das músicas, não posso discutir a maneira arrojada na criação do clipes, para mim sempre surpreendentes porque viajam na simplicidade dos sentimentos naturais (como poderia imaginar "No surprises" senão numa situação de sufocamento, de falta de ar, de inconstância?).
É a história do clipe que parece que foi criado antes da música, ou da música que já é uma imagem fixada na mente, empurrada goela abaixo com toda a raiva do mundo:




Indico aos que não conhecem ou são deprovidos de preconceito ao caos (os citados como ouvintes não-ouvintes), ouvir "Let down", "No Surprises","Idioteque", "High and dry" e "All I Need" (essa última do cd novo, que tem um clipe ótimo com um cunho social).
In rainbows é um cd bom na totalidade, mais alegre que os anteriores, mais gostoso de ouvir no carro, na praia ou quando alguma coisa te incomoda. E melhor: elevou o prazer de ouvir música pagando o que você podia acreditar que valia.

Sei que vão existir críticas ao texto, à passionalidade da coisa: o Radiohead é uma banda daquelas que você ama ou odeia.
Eu estou amando a possibilidade de vê-los em SP, numa noite provavelmente fria de domingo.

13 comentários:

Anônimo disse...

Também quero ir!!!
Concordo plenamente com tudo!
Comecei a gostar ouvindo Ok Computer tb...tem que ir educando o ouvido pro muito diferente!
Bom show (com certeza será)

Eder Galindo disse...

bom, veca. você me convenceu. vou tentar ouvir mais uma vez a banda desse branquelo.
manda um material pra mim.

beijos!

Laert disse...

Ok Computer é realmente um album muito legal.
Eu sou o primeiro a dizer que a música é depressiva...mas faz parte também associar algumas músicas com momentos específicos.

Eu estou numa fase mais metal...mas vou ouvir o album em sua homenagem hoje de tarde.

Madame Natasha disse...

Ai, xará, que bizarro, a gente cisma até com a mesma música, haha.
Eu nem sei como descobri essa do Foo Fighters, não tenho nenhum álbum, na verdade, não tenho nenhuma outra música deles, essa é a única mesmo, provavelmente vi o clipe zapeando, gostei da música e baixei.
Do Radiohead, eu sempre gostei, conheci através de Carlinhos e gosto bastante de Fake Plastic Trees até hoje.
Gosto dos álbuns mais pops deles mesmo, demorei pra ter saco pra ouvir Kid A e Amnesiac, gosto muito de uma música ou outra, Idioteque, I Might Be Wrong... mas, em geral, nem ouço muito esses discos, fico mais no The Bends e Ok Computer velho de guerra.
Hail To The Thief também ouvi pouco, apesar de amar There There, 2 + 2 = 5, Where I End And You Begin...
Com esses outros álbuns rola mais de ouvir músicas esparsas.
Nos últimos tempos, tenho ouvido única e tão-somente 3 álbuns:
Sou, Camelinho;
Estrangeiro, Caê;
In Rainbowns, Radiohead.
Eu sou meio obsessiva musicalmente.
Posso passar um ano inteiro ouvindo um único álbum.

Tenha um ótimo show, xará.

Madame Natasha disse...

haha, postzinho de 2007: http://cursomadamenatasha.blogspot.com/2007/08/continuando-linha-adoro-msicas-alegres.html

::Soda Cáustica:: disse...

"Just as you take my hand
Just as you write my number down
Just as the drinks arrive
Just as they play your favourite song..." tralaláaa:


http://br.youtube.com/watch?v=AxvTOxeeFSA&feature=channel

p. disse...

bem que eu queria ir... comecei com The Bends (acho que comecei bem!). E parabéns pelo blog, adoro.

milk disse...

num domngo frio com pessoas queridas....

sempre

amo

Anônimo disse...

Se Radiohead fosse mais famoso, seria mais uma das grandes brigas aqui do sul: Gremista ou colorado, pt ou anti-pt, adora ou detesta radiohead...

Gaúchos não têm meio termo! hahah

beijão!

Anônimo disse...

sem dúvida que é mais fácil odiar o Radiohead, mas os caras botam pra fuder.

p. disse...

obrigado, e apareça sempre. :)

Christiana Fausto disse...

Bom show, vivequinha. Sei o quanto esperou por isso. Notícias bloguísticas depois, com detalhes. Bj, c.

Anônimo disse...

Massa que você vai, Viveca, é realmente uma sensação incrível ir atrás dos ídolos.

Agora pensei que você ia falar algo sobre a Alains no Festival de Verão. Não curte mais, ou fico irritada com a junção com Pisirico?