domingo, 20 de janeiro de 2008

Bipolaridade Rulez

"Seria tão fácil aproveitar dela. Qualquer um poderia. Qualquer um a levaria por uma palha, um raciocínio, um doce. Por isso achei melhor deixá-la no quarto trancada, e não apenas eu: nós todos a estamos vigiando em turnos alternados. Ela poderia sair andando como um cachorro peregrino no seu último dia. Mas também não é isso que procura. Prefere o tule fino dos lençóis. E quer ser lembrada. Eu lembro. Eu vou me lembrar."


"Tiraram algumas nesgas do alto das pernas dela, um lanho ou um tufo de pêlos. Magra, ela ainda está quente, como um corpo vivo. Seu peso, é mais um peso do que alguém, respira, e se os têm abertos (poros e olhos), algumas concavidades, onde havia carne, foram cavadas pela mão de quem - do Senhor das amarguras, ou desencanto, ou pelo seu desejo de encontrar uma planície branca, mesmo que fosse a morte".


"Não sei precisar o que haverá de tão desejável no púrpura das suas olheiras, na baba que escorre pelo seu queixo. Não sei dizer porque não posso tirar meus olhos dela. Sinto a maré da sua tristeza me arrastar. Não sei por que não durmo, por que não vou embora de uma vez. Talvez lhe fizesse bem, afinal estar sozinha e abandonada. Talvez a minha paciência seja um sintoma da sua doença, como seus pesadelos, o choro lento e sem fim, a articulação imperfeita das sílabas quando fala, como se estivese bêbada."
Trechos de "Minha Fantasma", Nuno Ramos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Vixi...

Pesado...

Anônimo disse...

pesado,interessante e leve.
resta saber a causa disso aí postado...

tenho blog novo, virgem ainda.

Raphael Neri disse...

cruzemos a névoa.