Por Viveca Santana
Alguns passos ébrios pelo Rio Vermelho, as mãos passando pelas paredes ressacadas pelo sol, sons fora do tom, a voz dela não saía mais.
Já eram quase 4h da manhã e ela incansável continuava, andando com seu All Star surrado de tempo, tropeçando nos próprios passos e olhando tudo em volta.
Para ela era tão bom viver intensamente assim, sem a tonalidade das vozes, fora do ar por instantes, sons , toques que tomavam o corpo todo.
Alguns passos ébrios pelo Rio Vermelho, as mãos passando pelas paredes ressacadas pelo sol, sons fora do tom, a voz dela não saía mais.
Já eram quase 4h da manhã e ela incansável continuava, andando com seu All Star surrado de tempo, tropeçando nos próprios passos e olhando tudo em volta.
Para ela era tão bom viver intensamente assim, sem a tonalidade das vozes, fora do ar por instantes, sons , toques que tomavam o corpo todo.
Não lembrava o que tinha que fazer amanhã - certamente acordaria de ressaca, andaria atrás de um copo d´água e um comprimido, derrubando tudo e voltaria para cama.
Alguém veio falar com ela, tocou seu ombro (não queria que a vissem naquele estado, baixou o rosto). Não teve vontade de responder, a viagem estava ótima sem falar, sem a realidade que aquela quantidade de coisas exigia, um monte de espaços que ela estava pulando e que ninguém entenderia.
Alguém veio falar com ela, tocou seu ombro (não queria que a vissem naquele estado, baixou o rosto). Não teve vontade de responder, a viagem estava ótima sem falar, sem a realidade que aquela quantidade de coisas exigia, um monte de espaços que ela estava pulando e que ninguém entenderia.
-Quem era mesmo ? perguntou a si mesma.
Viu que não tinha que se misturar.
Não conseguiu traduzir uma linha do que pensava, as frases surgiram descompassadas e ela sabia que não percebiam o que queria dizer.
Viu que não tinha que se misturar.
Não conseguiu traduzir uma linha do que pensava, as frases surgiram descompassadas e ela sabia que não percebiam o que queria dizer.
Envergonhou-se.
Que a deixassem só de novo.
Calou mais uma vez, franziu a testa, acendeu o último cigarro da carteira, pediu mais uma cerveja e continuou a olhar pro mar.
Não se sentiu nem um pouco decadente, era bom sobreviver ali : barquinho lá longe, gente lá longe, um menino perdido na noite com um catavento nas mãos, longe, longe.
Tudo tinha uma graça particular que a rotina jogava fora.
O mundo podia acabar que ela não tinha mais nada a dizer.
Que a deixassem só de novo.
Calou mais uma vez, franziu a testa, acendeu o último cigarro da carteira, pediu mais uma cerveja e continuou a olhar pro mar.
Não se sentiu nem um pouco decadente, era bom sobreviver ali : barquinho lá longe, gente lá longe, um menino perdido na noite com um catavento nas mãos, longe, longe.
Tudo tinha uma graça particular que a rotina jogava fora.
O mundo podia acabar que ela não tinha mais nada a dizer.
7 comentários:
lindo texto veca...
um pouco de verdade para não morrer de mentira...
beijo nocê.
Muito bom mesmo!
Um take de vida no bairro boemio.
mto bom veca.
senti até a brisa da cena.
bjo
menina, vc continua cada vez melhor...
Xará, tava aqui gravando os teus filmes e resolvi visitar teu blog, ler teus textos, justamente no momento em que gravo (agora) L'Avventura, leio teus contos antoniônicos...
Obrigado pela visita. Talvez seja a primeira do blog. Valeu pelo elogio.
Pode mudar a personagem, pode mudar o cenário, mas a sensação deliciosa de desprendimento do corpo será sempre a mesma.
Deliciosa...
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