domingo, 5 de outubro de 2008

Poderes

"Os que desejam agradar a um príncipe costumam, na maioria das vezes, dar-lhe presentes que lhes são caros, ou com os quais se deleitam. Desse modo, recebem eles cavalos, armas, tecidos de ouro, pedras preciosas e demais ornamentos, todos à altura de sua grandeza. Quanto a mim, malgrado meu desejo de oferecer a Vossa Magnificência uma prova de meu dever, não encontrei, em meu cabedal, coisa alguma que considere suficientemente cara ou que estime tanto quanto o conhecimento dos atos dos grandes homens, o qual apreendi na extensa experiência da realidade atual e na lição ensinada pela antiga.
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Origina-se aí a questão aqui discutida: se é preferível ser amado ou ser temido. Responder-se-á que se preferiria uma e outra coisa; porém, como é difícil unir, a um só tempo, as qualidades que promovem aqueles resultados, é muito mais seguro ser temido do que amado, quando se veja obrigado a falhar numa das duas. Os homens costumam ser ingratos, volúveis, dissimulados, covardes e ambiciosos de dinheiro; enquanto lhes proporcionas benefícios, todos estão contigo, oferecem-te sangue, bens, vida, filhos, como se disse antes, desde que a necessidade dessas coisas esteja bem distante. Todavia, quando ela se aproxima, voltam-se para outra parte. Quanto ao príncipe, caso se tenha fiado integralmente em palavras e não haja tomado outras precauções, está arruinado. Porque, quando se fazem amizades por interesse, não por grandeza ou nobreza de caráter, são compradas, e não se podem contar com elas nos momentos de maior precisão."


Sim, eu fui votar no dia 5 de outubro. E não concordo em gênero, número e grau em exercer a minha cidadania de maneira obrigatória, coerciva, impositiva.
Acredito ainda no voto, no poder da escolha, no desejo de mudar as coisas de uma maneira simples e honesta, ouvindo a opinião do povo, que ainda é maioria.
Mas, como acreditar num povo que vive do pão e do circo, que não tem cultura, que tem a educação restringida, que vai para as ruas fazer boca de urna sem conhecer absolutamente nada de política e das consequências de um voto de conluio?
Hoje votamos por interesses próprios, não escolhemos um representante pelo que ele poderá fazer pela população, pelo seu caráter, pelas suas convicções de mudanças sociais.
Em vias de momento de eleições, todos deveriam ler o Príncipe de Maquiavel.

4 comentários:

Anônimo disse...

leitura obrigatória, sem dúvida.

Adriano Queiroz disse...

Conhecimento precede a democracia. Portanto quando o eleitorado não sabe nem o que faz um vereador, deputado ou senador e mesmo vota neste cargo, é apenas um discurso falso de atividade democrática que não se realiza de fato.
Não concordo também com o voto obrigatório.

Anônimo disse...

Não só o conhecimento como o direito. É balela falar em direitos sociais para quem os desconhecem e tão pouco sabem que os tem. Direito a voto? É o que mesmo? Brilhante, Veka! Voltemos, consultemos Maquiavel.

Unknown disse...

Política não é a arte de fazer amigos ou influenciar pessoas.

é a arte de nao querer ser amado ou temido, mas saber exatamente a diferença entre o que deve ser feito e o que pode ser feito. e nao fazer concessões neste íntere.

fazer concessões para se alcançar o poder é perder o sentido de se alcançar o pdoer em primeiro lugar.

se que adianta fazer pacto com o diabo para se alcançar o poder, se nao fará bem algum chegar lá com o diabo ao seu lado?