Por Viveca Santana
Ela viu um dos seus filmes preferidos.
A vida passava na frente dela com uma velocidade dolorosa. Dóia a música cantada no fim.
Neste mesmo dia, tinham sentado um ao lado do outro. Ele como sempre, não percebia a sua falta de leveza e tranqüilidade. Ela tirava os anéis dos dedos, nervosa por estar ali compartilhando aquele ar.
Era bonito de ver o jeito que ele segurava o cigarro entre os dedos e punha entre os lábios. Os lábios que ela desejava tanto nos sonhos, nas cartas, nestas linhas escritas.
Houve um momento em que ele olhou para ela – o mesmo olhar sem vida de sempre. Perguntou se ela concordava com algo que os outros da mesa conversavam.
Mas do que falavam? O ar continuava sim carregado, as pontas dos dedos cheios de sensações inúteis, o coração apressado em batidas fortes.
Ela não reparava em nada, prendia-se em si mesma, o tempo sem pressa, a atenção na respiração dele, que só ela conseguia ouvir.
Aquele cigarro poderia durar dias, aquelas cinzas podiam amontoar-se no chão. Ela adoraria, mesmo que fossem só as cinzas que permanecessem.
** Para ler ouvindo "Socorro", Arnaldo Antunes.
4 comentários:
Olé!!!
Como sempre.
bom demais, pra variar! Grande beijo! c.
so good!!!!
lindo, menina.
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