sábado, 9 de agosto de 2008

Mesmo

Por Viveca Santana

Ela viu um dos seus filmes preferidos.
A vida passava na frente dela com uma velocidade dolorosa. Dóia a música cantada no fim.
Neste mesmo dia, tinham sentado um ao lado do outro. Ele como sempre, não percebia a sua falta de leveza e tranqüilidade. Ela tirava os anéis dos dedos, nervosa por estar ali compartilhando aquele ar.
Era bonito de ver o jeito que ele segurava o cigarro entre os dedos e punha entre os lábios. Os lábios que ela desejava tanto nos sonhos, nas cartas, nestas linhas escritas.
Houve um momento em que ele olhou para ela – o mesmo olhar sem vida de sempre. Perguntou se ela concordava com algo que os outros da mesa conversavam.
Mas do que falavam? O ar continuava sim carregado, as pontas dos dedos cheios de sensações inúteis, o coração apressado em batidas fortes.
Ela não reparava em nada, prendia-se em si mesma, o tempo sem pressa, a atenção na respiração dele, que só ela conseguia ouvir.
Aquele cigarro poderia durar dias, aquelas cinzas podiam amontoar-se no chão. Ela adoraria, mesmo que fossem só as cinzas que permanecessem.


** Para ler ouvindo "Socorro", Arnaldo Antunes.

4 comentários:

Laert disse...

Olé!!!
Como sempre.

Christiana Fausto disse...

bom demais, pra variar! Grande beijo! c.

Samira Andari disse...

so good!!!!

Paula Schubach disse...

lindo, menina.