sábado, 16 de fevereiro de 2008

Colóquios de uma noite sem escritos.

"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada. De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor.
Para que te servem essas unhas longas?
Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem. Para que te serve essa cruel boca de fome?
Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.
Para que te servem essas mãos que ardem e prendem?
Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir. "

(Clarice Lispector)

5 comentários:

Anônimo disse...

Eita lasqueira...

O lobo é o homem do lobo é o lobo do homem é o homem do lobo.

Anônimo disse...

Eu ia escrever o "Eita", mas chegaram antes de mim...

Sobriedade e paixão, se é que isso é possível.

Anônimo disse...

Aúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúú!!
Quero soprar o vento do amor do eterno!

Mariana disse...

Legal o seu blog!
Sobre o texto, adoro Clarice, que é insuperável!
beijos

Anônimo disse...

amiga saudades