domingo, 8 de fevereiro de 2009

Conto desnecessário

Por Viveca Santana

Saíram os três naquele carro prateado, música alta para entorpecer, Sílvia com seu rosto tranqüilo de mulher moderna-amadurecida, Paulo com seu olhar crítico nos passantes da rua, (meio criador de cordel, meio personagem sertanejo), Aracy com olhar perdido, os dedos recebendo o vento da noite, corpo quase pra fora do carro, avessa ao que pudesse ocorrer.

Sílvia só queria amar, o amor que vinha daqui há dias, pensava na garrafa de champanhe que queria comprar, nos dotes que daria, nos olhares que receberia, no amor puro vindo de longe. Adorava sentir o cheiro de fotossíntese que as plantas faziam no fim de tarde.

Paulo era dado a discussões rápidas. Semântica, linguística, fonética, tudo se tornava miúdos e papos intensos, com direito a percepções etílicas e tapinhas nas costas.
Era um rapaz que levantava dúvidas e gargalhava sempre, queria criar a polêmica. Simples, mas complexo nos assuntos cabíveis, peleador nato das conversas filosóficas.

Aracy só queria receber o vento nos dedos. Tentava pegar parte dele e nunca conseguia. Gostava de luzes na sua retina, do gosto seco que a cerveja deixava nos lábios, a falta de lucidez e a possibilidade de enxergar tudo com as digitais catando o vento teimoso.

...
Continuaram os três pela cidade, amando, complexando de maneira simples a vida e tocando a brisa. Seguiram na noite de sábado, amigos, com suas minúcias e sem mais nada pra contar.

9 comentários:

Anônimo disse...

pronto, comentei araci..pra variar, seu texto está óóótimo
bjs,
O.

ps.: queria etsra com o gosto de cerveja, o vento no rosto, escolhendo a champanhe e ouvindo paulo.

Anônimo disse...

Aracy!!! adorooooooooooooooooooooo

Paula Schubach disse...

pulando a parte dos elogios óbvios...
dolores queria muito estar nesse carro também.

Bel disse...

rsrsrs!
muito familiar isso...

Eder Galindo disse...

esse paulo parece comigo.
beijo!

Laert disse...

A vida como ela é...

Cool.

O que tava rolando no som do carro?

Anônimo disse...

Quem dirigia aquele carro prateado?

Aracy estava quase com o corpo para fora, desatenta, e com os dedos ao vento.

Paulo reparava muito nas pessoas que cruzavam o caminho do carro prateado.

Silvia é madura, tranquila, e queria que o tempo passasse cada vez mais rápido.


Minha conclusão é que Silvia estava no volante.

Quem dirige não fica com corpo para fora.

Quem dirige não repara muito no que passa ao redor.

Quem nunca dirigiu pensando no amor e sentindo o cheiro de um fim de tarde?

Bjão Veca

Anônimo disse...

get your motor runnin'...

Gabriela disse...

O vento, as folhas, o amor...
amigos sempre merecem os melhoers momentos...