quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ópio

Por Viveca Santana

Sonhou que havia uma orda bem grande de formiguinhas, passando pelo seu corpo.

Ela não se preocupou em momento algum em catá-las dos pés sujos de terra, de pólen e grama ou dos braços, de onde surgiam muitas muitas muitas, bem avermelhadas e com pressa em fugir nas suas poucas curvas.

Voltou a deitar e deixou as formigas continuarem a se espalhar pelo seu vestido vermelho, pelos cabelos encaracolados, pelos lábios e pelas mãos fininhas - o cheiro delas era forte, formavam um sabor latejante na sua boca e por algum motivo ela não tinha medo algum.


Preferiu ficar olhando o sol forte e raiado, acreditando que era tão doce que as formigas se enchiam aos montes e se uniam, no seu corpo cor de açúcar.

http://www.youtube.com/watch?v=K57szVmdVac

6 comentários:

brown bunny disse...

menina... que texto!!

____e eu que já era sua fã...fiquei muito mais. amei.

um bjo
pat

Unknown disse...

lovely, muak

Del disse...

texto bunitinho!

Marcos disse...

Na area... curti!!!

Besos (doces como açucar)!

Bruna O. disse...

Lembrei do conto da LFT, As Formigas.

Paula Schubach disse...

Fui só eu que achei esse texto um tanto mórbido?

(mas nem por isso menos bonito e impressionante)