sábado, 6 de setembro de 2008

Epifania-Saudade-Desapego

Por Viveca Santana

Ele queria que segurassem a mão dele verdadeiramente, um dia. Tinha sido enganado e mantido pelas mazelas do mundo e a vida foi muito dura com ele. Havia um quê de olhos tristes embaixo daqueles óculos pesados, de quem tem muita coisa para ver e dizer, de quem não olha para os lados, de quem só quer ser visto, lembrado, percebido.
Com medo daquele mundo todo, preto e branco para ele, abaixava os olhos, escondia de quem quisesse olhar de perto e ver quanta honestidade tinha na sua pupila colorida.
Era o mais doce e bondoso de todos. Ninguém via naquelas mãos qualquer possibilidade de fazer mal, mas ele afirmava sempre que seria capaz, que tinha uma maldade inata sim, latente dentro dele. Mas ninguém via.
Ele queria que parecesse isso para parecer mais forte.
A tal falta de apego em alguns, camuflada em tanto carinho e sensibilidade era para não sofrer, com tanta falta de altruísmo daquele mundo que nem era dele. Mas com tudo isso, sofria duplamente, confiava demais em quem não valia sua bondade.
Uma convívere expunha sua maldade, dizia que o amava, mas o amor não era isso.
Ela representou esse amor como uma coisa arrasadora, um fio de navalha que cortava o coração dele a cada dia, aumentando sua mágoa do mundo.
E o menino ía passando despercebido com todo aquele brilho contido.
Nas noites ficava mais triste, sozinho, conversava com si mesmo - punha a mão segurando a cabeça que pesava, pensando nas coisas duras da vida. Em coisas sem sentido.
Era uma busca contínua por onde ele estava. Estava ali ? Não sabia.
Há pouco tempo perdeu muito da confiança nas pessoas, sua rotina ficara sem os dias de loucura que estava acostumado a buscar.
Passou um tempo sentindo falta deles, perdido, mesmo que estes ímpetos não valessem tanto a pena e tivessem sido a causa de algumas da suas cicatrizes mais visíveis, as que não saravam, as que dóiam quando ele lembrava.

...

Um tempo longo passou-se. Passaram-se as experiências tristes, ele decidiu que sim.
Nos dias de hoje, no presente, sorria da maneira mais simples. Sorrir não machucava mais. Sua vida voltou a ser como antes, como muito tempo antes. Era gostoso ver esse tempo passar. Buscava nas coisas que tinha deixado para trás e eram boas, um recomeço - voltou a ser o menino de óculos pesados e pupila colorida.
E todos enxergavam ele diferente.

9 comentários:

Laert disse...

Muito bom quando a transformação muda para melhor.
Legal Veca.
BJ.

Lindonéia. disse...

AMO amores díficeis. Aquele conto de A que sai ao encontro de B...é tudo!

Anônimo disse...

Bem legal Veca, pessoas assim estão por toda parte querendo ser percebidas.

Bjão

tina muller disse...

vamos sorrir de maneira mais simples.
amei. ótimo.
beijos

Anônimo disse...

mulher, vc anda escrevendo cada vez melhor. beijão!

Samira Andari disse...

É Veca, sempre tento escrever alguma coisa em relação ao conteúdo do post, mas só consigo te elogiar....

hahahhhahahaha

Quando eu crescer, quero escrever assim.......

bjsssssssssssssss

Unknown disse...

Viveca...
Você está escrevendo MUITO!!
Me sinto honrado de já ter mordido volantes do teu lado!
Beijo
do seu amigo sumido
Ricardo

Anônimo disse...

Muito bem escrito, além de revelar sentimentos ocultos, e descrever de forma fiel como alguém se sente.

Muito legal!

Bjs.

Lisandro

Victor Fernandes disse...

Quando for fazer seu livro, me chame para diagramá-lo. Que dizer, tá na hora já né...

Muito bom, cada dia mais se superando. Seja mais vc viu!Sempre se lembre disso.

Seu amigo