Por Viveca Santana
Os dois viviam brigando, numa raiva tremenda que nem eles mesmos entendiam. Era o convívio do corte, do açoite, do medo e do desejo incompreendido.
Ao mesmo tempo sentiam uma carinho grande um pelo outro e se divertiam com as brigas, que alimentavam o ego exacerbado dos dois.
Dia desses, discutiram com uma voracidade de alma, deixaram a compostura, ficaram sem ouvir a voz um do outro, ou de escreverem as cartinhas capsciosas de amantes mortais. Talvez se namorassem se matariam e estariam em páginas dos jornais que estampavam crimes, essa era a diversão mórbida que cultivavam - se vivessem naturalmente não teriam a graça da dor diária.
Parecia um amor bandido, ela acreditava, mas gostava dessa loucura demasiada - não podiam se envolver e a possibilidade de viverem juntos, pelo menos um dia, perdia o gosto de fazer algo errado, escondido, de mentir para alguém.
Ela entendia a loucura disso tudo, mas não queria entender tudo, com a razão exigida por seu lado humano. A delícia da loucura do lado animal contava mais pontos, certamente.
Era a história que na verdade todos os casais viviam, mas omitiam para se fazer parecer que eram normais.
Ao mesmo tempo sentiam uma carinho grande um pelo outro e se divertiam com as brigas, que alimentavam o ego exacerbado dos dois.
Dia desses, discutiram com uma voracidade de alma, deixaram a compostura, ficaram sem ouvir a voz um do outro, ou de escreverem as cartinhas capsciosas de amantes mortais. Talvez se namorassem se matariam e estariam em páginas dos jornais que estampavam crimes, essa era a diversão mórbida que cultivavam - se vivessem naturalmente não teriam a graça da dor diária.
Parecia um amor bandido, ela acreditava, mas gostava dessa loucura demasiada - não podiam se envolver e a possibilidade de viverem juntos, pelo menos um dia, perdia o gosto de fazer algo errado, escondido, de mentir para alguém.
Ela entendia a loucura disso tudo, mas não queria entender tudo, com a razão exigida por seu lado humano. A delícia da loucura do lado animal contava mais pontos, certamente.
Era a história que na verdade todos os casais viviam, mas omitiam para se fazer parecer que eram normais.
9 comentários:
terrivelmente verdadeiro
manuela
Praticamente Nelson Rodrigues!
hahahaha
a verdade em forma de tapa!
rápida e sonora...
Del
compilando os comentários e adicionando o meu:
rápido, lindo, verdadeiro, cruel, rodriguiano total e: a minha cara! kkkkkkkkkkkkkkkkk
esse anônimo aí em cima sou eu.
bjs,
tinoca.
" ...confiaba ciegamente en las primeras impresiones. Valoraba más el carácter abierto, franco y apasionado que todos los demás. El entusiamo y el fervor aún la cautivaban. Creía que podía confiar más en la sinceridad de esas personas que a veces expresaban o decían alguna cosa descuidada y precipitada que de aquellas cuya presencia de ánimo nunca se alteraba o que nunca decían palabras inapropiadas..." Jane Austen
A contundente verdade exposta por ti, por Almod�var e por todos os n�o-"normais", que fogem das intemp�ries da hipocrisia!
um beij�o, treco!
A matéria que você diz é a notícia de que a Binoche posou nua?
Foi você não, um amigo me mandou um link da folhaonline por MSN.
Tá repercutindo horrores na cinefilia, daqui a pouco rola até rifa da Playboy da moça, quase tão hype quanto o Sex Book da Madonna...rs
:O*
A verdade assusta.
O conto de fadas e a letargia é o atrativo psicológico do ser humano.
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