sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Agora

Por Viveca Santana

Passos cheios de gratidão, de uma valentia inconsciente, largos e livres atravessam o inesperado. Cabelos agora sem medo de chuva, coração pulsando forte e desatento, tudo impregnado de uma insegurança que lembra os primeiros passos da infância, o primeiro passeio de bicicleta.
O frio que antes amedrontava, agora aquece a vontade de sentir-se em casa.
Cresce uma gratidão pela companhia de si mesma, pela sua simpatia, pelo riso solto, pelo perdão das coisas de antes, pela vontade de ir, ir simplesmente, com ganas de desatar os nós que a vida de antes impunha.
Ganas de se entregar a si e seguir, enfrentando pedras, quedas, perdas. Seus passos agora são mais valentes, apaixonados e felizmente agora, solitários.
As lágrimas secaram, os demônios seguiram de férias para um lugar com sol e o que segura a sua mão e aperta com força é a ânsia de caminhar sem rumo, deitar no fim do dia com o corpo abraçado pelas dores da caminhada e da deliciosa incerteza, de seguir e não pensar no amanhã, por enquanto.